Eu vivo uma família reconstituída. Sei exatamente como é.
por medrado | dez 22, 2025 | Sem categoria |
SOBRE RECOMEÇOS E FAMÍLIAS QUE SE ESCOLHEM
Na minha mesa, há um desenho da Natália: um coração colorido feito com lápis de cor. Algo simples, criado por uma criança de oito anos, mas que eu guardo como se fosse ouro — porque, para mim, ele é.
Somos eu, a Priscila, a Natália e o Guilherme. Quatro pessoas que se escolheram e formaram uma família que não nasceu pronta, mas que se constrói, dia após dia, com paciência, atenção e, acima de tudo, diálogo.
Famílias reconstituídas não vêm com manual de instruções. Pelo contrário: elas exigem sensibilidade, escuta ativa e a arte delicada de amar filhos que não nasceram de você, mas que, aos poucos, passam a morar no seu peito. Exigem conversas constantes sobre rotinas, sobre quem busca em casa às sextas-feiras, sobre dividir o tempo e, muitas vezes, sobre simplesmente fazer “muitos nadas” juntos nos finais de semana.
Além disso, exigem coragem para construir pontes onde antes não havia nada e, mais do que isso, para mantê-las firmes, seguras e respeitosas ao longo do tempo.
E, acima de tudo, exigem cuidado.
Cuidado entre adultos que precisam colocar as crianças no centro de todas as decisões. Cuidado na relação com ex-cônjuges que, quando baseada no respeito mútuo, se transforma no verdadeiro alicerce de tudo. É justamente esse cuidado que transforma o que poderia ser guerra em cooperação.
Na minha vida, esse modelo funciona. A Priscila e o pai das crianças construíram uma relação pautada no respeito e na parceria, sem conflitos, com tudo combinado, alinhado e pensado no melhor para eles. E, sinceramente, por que deveria ser diferente?
Ainda assim, eu sei que essa não é a realidade de todo mundo.
Como advogado de família há mais de 25 anos, eu vejo o outro lado todos os dias. Vejo mães que não sabem se passarão o Natal com os filhos porque o ex mudou de ideia na última hora. Vejo pais impedidos de viajar por pura retaliação. Vejo crianças sendo usadas como moeda de troca em disputas que elas não compreendem e que jamais deveriam presenciar.
Nesses cenários, o diálogo falha — e, quando ele falha, o sofrimento começa.
É exatamente nesse momento que o Direito precisa entrar. Não como um invasor frio, distante e burocrático, mas como um instrumento de proteção, como a voz firme que afirma: “Aqui há limites. Aqui há direitos. Aqui há crianças que merecem paz.”
Usar filhos como forma de pressão não é apenas cruel — é ilegal. Impedir a convivência sem justificativa não é apenas desrespeitoso — gera consequências jurídicas. Descumprir acordos de guarda não é apenas falta de palavra — pode e deve ser corrigido pela Justiça.
No entanto, antes de chegar ao conflito, existe um caminho muito melhor.
Existe o caminho do respeito, do acordo e do planejamento: revisar combinados antes que o problema apareça, alinhar expectativas com antecedência, formalizar acordos enquanto ainda há boa vontade e buscar orientação jurídica não quando tudo já explodiu, mas quando ainda há espaço para construir soluções.
O fim do ano não precisa se transformar em um campo de batalha. Ele pode — e deve — ser um tempo de celebração para todas as famílias, inclusive para aquelas que se reconstroem.
Eu entendo famílias reconstituídas não apenas porque estudei Direito de Família, mas porque faço parte de uma. Sei o que é sentar à mesa com crianças que carregam outras histórias e, juntos, construir, tijolo por tijolo, uma história nova. Sei o que é negociar rotinas com respeito e sei, sobretudo, o que é colocar as crianças no centro, sempre, em cada decisão.
Também sei que, quando há diálogo e boa vontade, tudo se torna mais leve. Mas sei, igualmente, que quando o diálogo falha, o Direito precisa estar presente para proteger.
Se você vive essa realidade — seja em harmonia ou em meio a desafios — saiba que você não está sozinho. Existem caminhos seguros para proteger aquilo que você constrói com amor, dedicação e entrega.
Família reconstituída é sobre recomeço, sobre coragem e sobre transformar fim em início. E, quando o amor não consegue resolver sozinho, o Direito está aqui para proteger.
Dr. André Medrado
OAB/SP 171.608
Advogado de Família — que vive uma família reconstituída
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Atendimento sigiloso, estratégico e humano.
Porque, antes de advogado, eu sou alguém que entende a sua história.